quarta-feira, 30 de abril de 2008

NOSSA BIBLIOTECA AGORA TEM NOME!

A biblioteca do NCN já tem nome. Foi escolhido o nome de

Biblioteca Maria Carolina de Jesus.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Novas aquisições, doação da Priscila para a biblioteca

Valeu Priscila por doar os livros Memórias de um sargento de milicias e memórias postumas de Bras Cubas. O pessoal vai utilizar muito bem este material, com certeza.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Quem leva?

Abaixo as sugestões de nome para a biblioteca do NCN que vai deixar de ser indigente e criar a partir do nome uma identidade e uma historia. Não parece, mas isto é muito importante. É como um nascimento, precisa ser registrado pois um dia alguém pode querer saber quem é, e de onde veio.
As meninas da Biblioteconomia da ECA estão fazendo um trabalho maravilhoso e merecem nosso incentivo para que continuem. Contamos não só com maior frequencia no uso da biblioteca mas também com idéias dos alunos e coordenadores que venham a trazer melhoras significativas nos serviços da biblioteca. Deixei uma biblioteca tímida com um acervo minusculo de coisas que realmente contam para uma boa leitura de lazer. Mas creio que isto pode mudar muito quando fizermos um trabalho de apropriação com a moçada. É um trabalho que faz com que o usuário saiba o que tem na biblioteca e mais do que isto, se aproprie daquele conhecimento para melhorar sua vida em todo e qualquer âmbito possível.
O baixo uso de apostilas velhas nos está fazendo crer que precisamos de outros materiais para despertar o interesse dos vestibulandos. Precisamos de algumas estações de audio-visuais para colocar as aulas eletronicas para funcionar e também batalhar por um datashow e um computador para o salão do cursinho NCN. Na falta de professores as aulas eletronicas iriam auxiliar e um coordenador ou um aluno monitor poderia tecer alguns comentarios sobre cada aula. Há muito ainda que fazer pelo nosso querido NCN.
Bom, sem mais delongas, faremos uma enquete para ver qual é o melhor nome para a biblioteca do NCN. Conto com a colaboração de todos.

Carolina Maria de Jesus



Carolina Maria de Jesus

Uma mulher negra, mãe solteira de três filhos, migrante, catadora de papel que, há quarenta e cinco anos, quando ainda vivia numa das primeiras favelas da cidade de São Paulo, viu a edição de trinta mil exemplares de seu primeiro livro esgotar em três dias. Essa é a história da escritora Carolina Maria de Jesus

Arquivo pessoal de Audálio Dantas



O jornalista Audálio Dantas foi quem “descobriu” Carolina de Jesus ao escrever uma matéria sobre a expansão da favela do Canindé que, em meados dos anos 1960, foi desocupada para que fosse construída a Marginal Tietê. Ao conversar com os moradores, o jornalista conheceu a escritora que lhe mostrou, em seu barraco, uma coleção de cerca de 20 cadernos, recolhidos do lixo, nos quais ela registrava o seu cotidiano.
Dantas convenceu a editora Francisco Alves a publicar os diários de Carolina de Jesus sob o título Quarto de despejo, referência ao modo como a escritora percebia a favela em oposição à cidade: “Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludo, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo”.
Quarto de despejo tornou-se um sucesso editorial, sendo traduzido em treze línguas e mais de quarenta países, vendendo cerca de um milhão de cópias em todo o mundo. Os registros diários de Carolina de Jesus iniciaram-se em 15 de julho de 1955, sendo interrompidos em 28 de julho do mesmo ano e retomados apenas em 2 de maio de 1958. O livro se encerra com um registro feito no dia 1.o. de janeiro de 1960. Mas nem o formato de diário nem a descontinuidade cronológica prejudicam a estrutura narrativa.
Mesmo com dificuldades, a escritora ainda publicou, no Brasil, os livros Casa de alvenaria (1961), Provérbios (1963) e Pedaços da fome (1963) e >i>Diário de Bitita (publicação póstuma, 1982). O historiador José Carlos Sebe Bom Meihy, durante a sua pesquisa para o livro Cinderela negra: a saga de Carolina Maria de Jesus (escrito em parceria com o historiador norte-americano Robert Levine), localizou, junto à família da escritora, uma caixa com trinta e sete cadernos que trazem poemas, contos, quatro romances e três peças de teatro. Para o historiador, esse acervo revela que os diários que fizeram Carolina Maria de Jesus ficar famosa no mundo inteiro, não representam nem de leve a essência da obra da escritora: “estamos em face de um caso único na história da cultura popular nacional, onde, na favela, uma autora semi-analfabetizada produziu uma obra que, segundo o impulso inicialmente dado, seria uma promessa de renovação de nossos critérios de definição cultural”, afirma Bom Meihy ao lamentar o esquecimento de uma escritora com uma importância singular na história brasileira.
Bitita
Eu estava com sete anos e acompanhava a minha mãe por todos os lados. Eu tinha um medo de ficar sozinha. Como se estivesse alguma coisa escondida neste mundo para assustar-me. Eu ainda mamava. Quando senti vontade de mamar comecei a chorar.
"Eu quero irme embora!
Eu quero mamar!
Eu quero irme embora!"
A minha saudosa professora D.Lanita Salvina perguntou-me: "Então a senhora ainda mama?"
"Eu gosto de mamar"
As alunas sorriram.
"Então a senhora não tem vergonha de mamar?"
"Não tenho!"
"A senhorita está ficando mocinha e tem que aprender a ler e escrever, e não vai ter tempo disponível para mamar, porque necessita preparar as lições. Eu gosto de ser obedecida! Estais ouvindo-me D. Carolina Maria de Jesus?"
Fiquei furiosa e respondi com insolência.
"O meu nome é Bitita. Não quero que troque o meu nome."
"O teu nome é Carolina Maria de Jesus."
Era a primeira vez que eu ouvia pronunciar o meu nome.
Que tristeza que senti. Eu não quero este nome, vou trocá-lo por outro.
A professora deu-me umas reguadas nas pernas, parei de chorar. Quando cheguei na minha casa tive nojo de mamar na minha mãe. Compreendi que eu ainda mamava porque era ignorante, ingênua e a escola esclareceu-me um pouco.
Minha mãe sorria dizendo:
"Graças a Deus! Eu lutei para desmamar esta cadela e não consegui. A minha mãe foi beneficiada no meu primeiro dia de aula. Minha tia Oluandimira dizia:
"É porque você é boba e deixa esta negrinha te dominar."
(apud: BOM MEIHY, J.C. Sebe & LEVINE, Robert M. Cinderela negra. A saga de Carolina Maria de Jesus. Editora da UFRJ, 1994, p.173-174)

CRUZ e SOUZA

CRUZ e SOUZA
Nascimento do poeta em 24 de novembro de 1861 em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. Filho do escravo mestre-pedreiro Guilherme e da escrava liberta, Carolina Eva da Conceição.
Em 1869 ingressou na escola pública, depois de receber as primeiras letras de dona Clarinda Fagundes de Souza, mulher do marechal Ghilherme Xavier de Sousa, em cuja casa o poeta foi criado. Já em 1871 foi matriculado no Ateneu Providencial Catarinense, onde lecionava o alemão Fritz Müller. Cruz e Sousa estudou com distinção grego, latim, inglês, francês, português, matemática e ciências naturais.
Cruz e Sousa praticou essencialmente um jornalismo cultural que era também crítico. Depois de "O Colombo", publica regularmente na "Tribuna Popular". "Como este jornal desapareceu da Biblioteca Pública, pode-se ainda estudar Cruz e Sousa como jornalista na coleção do semanário 'O Moleque', que ele dirigiu por seis meses", acrescenta Zahidé, lembrando que o poeta "não tinha medo das palavras e usava-as com vigor contra as injustiças sociais". "O Moleque", publicado durante um ano (1884 a 85), era um periódico de formato pequeno, ilustrado litograficamente. Com humor, sátiras e caricaturas, criticava os costume e a política.
Negro, numa sociedade escravocrata, Cruz e Sousa fez militância contra a escravatura. Pesquisadora do assunto, a professora-doutora Zahidé Lupinacci Muzart, do departamento de letras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), lembra que nos anos 80 do século 19, Cruz e Souza e seu grupo discutiam as questões cadentes de seu tempo e lutavam fundando jornais, folhas, semanários alternativos...
Em 1891, à porta de um cemitério de subúrbio, Cruz e Sousa conhece Gavita Rosa Gonçalves, seu grande amor. Gavita é uma costureira negra que se criara em casa de um médico de posses. No mesmo ano nasce seu primeiro filho marca o começo das grandes dificuldades financeiras. Finda o mandado de Floriano Peixoto. Em novembro toma posse o primeiro presidente civil, Prudente de Moraes.
Em 1893 publica suas grandes obras "Missal", prosa, e em fevereiro, "Broquéis", poemas, agosto, pela Magalhães e Companhia. Em dezembro casa-se com Gavita e é nomeado praticante de arquivista na Central do Brasil.
1896 é um ano conflituoso, o pai morre em Santa Catarina, com cerca de 90 anos, e a mulher dá indícios de loucura. Rio. Em meio a extremas dificuldades, compõe os poemas de "Faróis" e a prosa poética de Evocações, sendo que este segundo só é publicado após sua morte.
Em 1897 a tuberculose ataca Cruz e Sousa no final do ano. Em meio à doença, à pobreza e ao desamparo social, o poeta compõe "Últimos Sonetos", publicados em 1905, em Paris, pelo amigo Nestor Vítor. Em março do anos seguinte, em busca de saúde, parte com Gavita grávida para um sítio, em Minas.
Três dias após a chegada, o poeta morre, em 19 de março. Antes de partir para Sítio, o poeta entrega a Nestor Vítor os originais de três livros: "Evocações", "Faróis" e "Últimos Sonetos".
Cruz e Sousa atravessou a vida num silêncio escuro. Errante, trêmulo, triste e vaporoso, o negro e sublime poeta nascido na Desterro de 1861 suportou o peito dilacerado com a convicção da glória. O Cisne Negro não se amedrontou diante de austeras portas lacradas. Maldito pela grandeza e pelo elixir ardente de versos capazes de arrebatar paixões até a atualidade, quando se completam os cem anos de morte.
De pranto e luar, sangue e sensualidade, lágrimas e terra construiu uma obra de estímulo às paixões indefiníveis. Mestre do Simbolismo no Brasil aliou genialidade a um meticuloso rigor. Celebrado só depois de morto, o Poeta de Desterro foi um homem apaixonado, autor de versos transcendentais que ganharam o mundo.
Ele via a perfeição como celeste ciência, mas não saboreou a imortal conquista. Antes de morrer tuberculoso em Minas Gerais, em 19 de março de 1898, o poeta ensinou a alma palpitante, a fibra e, sobretudo que "era preciso ter asas e ter garras".
O Assinalado

Tu és o louco da imortal loucura, O louco da loucura mais suprema. A Terra é sempre a tua negra algema, Prende-te nela a extrema Desventura.
Mas essa mesma algema de amargura, Mas essa mesma Desventura extrema Faz que tu'alma suplicando gema E rebente em estrelas de ternura.
Tu és o Poeta, o grande Assinalado Que povoas o mundo despovoado, De belezas eternas, pouco a pouco...
Na Natureza prodigiosa e rica Toda a audácia dos nervos justifica Os teus espasmos imortais de louco!
(De "Últimos Sonetos")

Lima Barreto

Lima Barreto
Afonso Henriques de Lima Barreto é considerado um dos mais importantes escritores brasileiros do começo do século XX. Nasceu em 1881, vindo a falecer em 1922, data em que se realizava a Semana da Arte Moderna.
Seus romances mais famosos: “Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá”, “Recordações do escrivão Isaías Caminha”, “Triste fim de Policarpo Quaresma”. Lima Barreto é um escritor nitidamente brasileiro, e, podemos dizer, mais especificamente, carioca. A ação de seus romances, apesar de não se passar exclusivamente no Rio de Janeiro, são romances de cidade, e os personagens possuem as características do carioca. Foi um brilhante criador de tipos humanos, dentre os quais se destaca “Policarpo Quaresma”, tipo do funcionário público. O livro “Triste fim de Policarpo Quaresma” é, por muitos, considerado sua obra-prima.
Romancista, cronista e jornalista. Fez seus primeiros estudos como interno no Liceu Popular Niteroiense, prestando, após alguns anos, exames para o Ginásio Nacional. Em 1896, matriculou-se no Colégio Paula Freitas, freqüentando o curso preparatório à Escola Politécnica, onde ingressou no ano seguinte. Em 1903, ingressou na Diretoria de Expediente da Secretaria de Guerra, abandonando o curso de engenharia, passando a sustentar a família, já que seu pai enlouquecera e sua mãe havia falecido.
Em 1914, foi internado pela primeira vez no Hospício Nacional, por alcoolismo, sendo aposentado através de decreto presidencial. Foi preterido nas promoções da Secretaria de Guerra por sua participação, como jurado, no julgamento dos acusados no episódio denominado «Primavera de Sangue» (1910), que condenou os militares envolvidos no assassinato de uma estudante. Em 1919, esteve pela segunda vez internado no hospício.
Fez sua primeira colaboração na imprensa ainda em 1902. Influenciado pela Revolução Russa, a partir de 1918 passou a militar na imprensa socialista, publicando no semanário alternativo ABC um manifesto em defesa do comunismo. Colaborou nos periódicos Correio da Manhã, Gazeta da Tarde, Jornal do Commercio, Fon-Fon, entre outros. Lançou em 1907, com amigos, a revista Floreal, que teve editados apenas quatro números.
Em 1919 o escritor foi internado novamente num sanatório. As experiências deste período foram narradas pelo próprio Lima Barreto no livro "Cemitério dos Vivos". Nesse mesmo ano publicou a sátira "Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá", inspirada no Barão do Rio Branco, e ambientada no Rio de Janeiro. Lima Barreto tentou candidatou-se em duas ocasiões à Academia Brasileira de Letras. Não obteve a vaga, mas chegou a receber uma menção honrosa póstuma. Em 1922 o estado de saúde de Lima Barreto deteriorou-se rapidamente, culminando com um ataque cardíaco. O escritor morreu aos 41 anos, deixando uma obra de dezessete volumes, entre contos, crônicas e ensaios, além de crítica literária, memórias e uma vasta correspondência. Grande parte de seus escritos foi publicada postumamente.
“"Lembrava-me da vida de minha mãe, da sua miséria, da sua pobreza, naquela casa tosca; e parecia-me também condenado a acabar assim e todos nós condenados a nunca a ultrapassar. (...) Lembrava-me de que deixara toda a minha vida ao acaso e que a não pusera ao estudo e ao trabalho de que era capaz. Sentia-me repelente, repelente de fraqueza, de falta de decisão e mais amolecido agora com o álcool e com os prazeres... Sentia-me parasita, adulando o diretor para obter dinheiro... Às minhas aspirações, àquele forte sonhar da minha mocidade e eu não tinha dado as satisfações devidas. A má vontade geral, a excomunhão dos outros tinham-me amedrontado, atemorizado, feito adormecer o Orgulho, com seu cortejo de grandeza e de força. Rebaixara-me, tendo medo de fantasmas e não obedecera ao seu império. (...)Sentia-me sempre desgostoso por não ter tirado de mim nada de grande, de forte e ter consentido em ser um vulgar assecla e apaniguado de um outro qualquer. Tinha outros desgostos, mas esse era o principal. Por que o tinha sido? Um pouco pelos outros e um pouco por mim." (Recordações do escrivão Isaías caminha”)

Luiz Gama




Quem eu sou?
“Amo o pobre, deixo o rico,
Vivo como o Tico-tico;
Não me envolvo em torvelinho,
Vivo só no meu cantinho:
Da grandeza sempre longe,
Como vive o pobre monge.
Tenho mui poucos amigos,
Porém bons, que são antigos,
Fujo sempre à hipocrisia,
À sandice, à fidalguia;
Das manadas de Barões?
Anjo Bento, antes trovões.
Faço versos, não sou vate,
Digo muito disparate,
Mas só rendo obediência(...)”
Luís Gonzaga Pinto da Gama (Salvador, 21/06/1830),melhor conhecido como Luiz Gama, foi um advogado, jornalista e escritor brasileiro.
Filho de um fidalgo português (cujo nome jamais se soube), que gostava de pesca, caça, cavalos, jogo de cartas e de festas e que assim esbanjou toda fortuna que herdara em 1836 de uma tia, e de Luísa Maheu (ou Luísa Mahin), africana da nação Nagô, nascida na costa da Mina, liberta. Sua mãe trabalhava no comércio como quitandeira e foi detida em várias ocasiões, por se envolver em planos de insurreições de escravos, como a Revolta dos Malês (1835).
Em 1837, acusada de participação na Sabinada, a sua mãe foi deportada para o Rio de Janeiro, onde desapareceu. Como nunca se converteu ao cristianismo, Luís só aos oito anos de idade foi batizado. Em 10 de novembro de 1840, o jovem, então com dez anos de idade, foi vendido ilegalmente por seu próprio pai como escravo, afirma-se que devido a uma dívida de jogo.
Luís Gama foi transportado como escravo no patacho Saraiva até à cidade do Rio de Janeiro, ficando com o comerciante Vieira, estabelecido na esquina da Rua da Candelária com a Rua do Sabão. Ainda em 1840 foi vendido para o alferes Antônio Pereira Cardoso num lote de mais de cem escravos, trazido para Santos.
De Santos até à cidade de Campinas a viagem foi realizada a pé. Em Campinas ninguém o comprou por ser baiano. Os escravos baianos tinham fama de revoltosos ("negros fujões"). Já que o alferes não conseguiu vendê-lo, foi utilizado na sua fazenda em Lorena, onde aprendeu os ofícios do escravo doméstico - copeiro, sapateiro, lavar, passar e engomar.
Em 1847, quando tinha dezessete anos, o estudante Antônio Rodrigues de Araújo hospedou-se na fazenda do alferes. O jovem tornou-se amigo de Luís Gama e o ensinou a ler e escrever. Gama, conscientizando-se da ilegalidade de sua condição, evadiu-se para a cidade de São Paulo em 1848, inscrevendo-se nas milícias, onde deu baixa em 1854 na patente de cabo graduado, após ser detido por causa de um ato que o próprio Gama classificou como "suposta insubordinação" já que, segundo afirmou, apenas se limitara a responder a um oficial que o insultara. Nessa cidade, por volta de 1850, casou-se, e freqüentou, como ouvinte, o curso de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, que não chegou a completar. Em 1856, retornou à Força Pública, como funcionário da Secretaria da Repartição.
Na década de 1860 tornou-se jornalista de renome, ligado aos círculos do Partido Liberal. Entre 1864 e 1875 colaborou no Diabo Coxo e no Cabrião, de Angelo Agostini, no Ipiranga, Coroaci e em O Polichileno. Fundou, em 1869, o jornal Radical Paulistano, com Rui Barbosa. Participou da criação do Club Radical e, mais tarde, da criação do Partido Republicano Paulista (1873), ao qual se manteve ligado até à sua morte, em 1882. Por volta de 1880, foi líder da Mocidade Abolicionista e Republicana.
Advogado provisionado, passou a ganhar a vida como rábula, a partir de sua demissão do emprego de amanuense por motivos políticos, ligados à veemência da sua atuação jurídica a favor da libertação dos escravos. Com o apoio (inclusive financeiro) da Loja Maçônica abolicionista à qual pertencia, desde então despenderia a maior parte de suas energias em levar aos tribunais causas cíveis de liberdade.
Sua liderança abolicionista criou, em torno de si, o movimento abolicionista paulista. Gama, sozinho, foi o responsável pela libertação de mais de mil cativos - um feito notável - considerando-se que agia exclusivamente com o uso da lei. A sua morte, vítima de diabetes, comoveu a cidade de São Paulo, e o féretro foi o mais concorrido até então naquela terra. Foi sepultado no dia 25/08/1882 no Cemitério da Consolação.
Seus poemas estão vinculados à segunda geração do Romantismo no Brasil. A sua primeira obra veio a público em 1859, Primeiras Trovas Burlescas do Getulino, que reuniu poesias satíricas que ricularizavam a aristocracia da época, tendo a 1º edição se esgotado em três anos.

MILTON SANTOS



MILTON SANTOS, o militante de idéias
Geógrafo Milton Santos criticou a globalização, mas acreditava em transformação social
(Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/perfis.htm Revista Ciência Hoje/RJ - dezembro de 2001)


"O sonho obriga o homem a pensar"

Milton Santos


Milton nasceu em Brotas de Macaúbas (BA) a 3/5/26 e faleceu em São Paulo a 24/6/01
Milton Santos é considerado o maior geógrafo brasileiro pelos colegas de profissão. O professor de voz calma e olhar tranqüilo sublinhou o aspecto humano da geografia e criticou a globalização perversa. Via na população pobre o ator social capaz de promover uma outra globalização, que defendeu em livros e conferências pelo mundo.
Concluiu o curso primário em casa aos oito anos de idade. Como faltavam dois anos para ingressar no ginásio, seus pais lhe ensinaram álgebra, francês e boas maneiras. Aos dez anos tornou-se aluno do tradicional Instituto Baiano de Ensino em Salvador. Pagava o internato onde moraria por uma década com o dinheiro que recebia lecionando geografia na própria escola. Milton atuou no jornalismo estudantil e foi um dos criadores da Associação de Estudantes Secundaristas Brasileiros. Seus colegas se opuseram à candidatura de um negro para presidente - alegaram a dificuldade para discutir com autoridades. "E eu, menino, tolo e inexperiente, acabei perdendo a eleição."
Milton era ótimo aluno em matemática e queria seguir engenharia, mas acreditava-se que a Escola Politécnica não aceitaria negros com facilidade. Como um tio seu era advogado, foi aconselhado a estudar direito. Formou-se na Universidade da Bahia em 1948 mas nunca exerceu a profissão. Dedicou-se à geografia, que ensinava desde os quinze anos. "A noção de movimento de idéias veio depois, mas a das mercadorias, das coisas, das pessoas talvez tenha me levado para a geografia", declarou. Também foi fundamental o contato com o livro Geografia Humana, de Josué de Castro. "Era uma espécie de história contada através do uso do planeta pelo homem. Aquilo me impressionou."
Milton introduziu importantes discussões na geografia, como a retomada de autores clássicos, e foi um dos expoentes do movimento de renovação crítica da disciplina. Preocupado com a questão metodológica, construiu conceitos, aprofundou o debate epistemológico e buscou na transdisciplinaridade uma visão totalizadora da sociedade.
Esquerdista convicto, não se filiou a partidos: "não sou militante de coisa alguma, apenas de idéias", diz em uma de suas frases mais divulgadas. O estilo independente revela a influência sartreana desse brasileiro que se celebrizou na França, onde obteve o doutorado e lecionou durante a ditadura.
Apesar da complexidade de seu pensamento, o alcance das idéias de Milton pode ser medido pela repercussão de uma entrevista concedida ao programa Roda Viva em 1998: os telefones ficaram congestionados com pessoas emocionadas, agradecendo a emissora pela transmissão. Sua produção acadêmica não permite modéstia: são cerca de 40 livros e 300 artigos científicos. Foi o único estudioso fora do mundo anglo-saxão a receber o mais alto prêmio internacional em geografia, o Prêmio Vautrin Lud (1994). Considerada equivalente ao Nobel na Geografia, a láurea marcou o reconhecimento de suas idéias no Brasil.
Milton foi consultor da Organização das Nações Unidas, da Unesco, da Organização Internacional do Trabalho e da Organização dos Estados Americanos. Também foi consultor em várias áreas junto aos governos da Argélia, Guiné-Bissau e Venezuela. Possuía 13 títulos de doutor honoris causa, recebidos no Brasil, França, Argentina e Itália, entre outros. Foi membro do comitê de redação de revistas especializadas em geografia no Brasil e exterior. Fez pesquisas e conferências em mais de 20 países, dentre eles Japão, México, Índia, Tunísia, Benin, Gana, Espanha e Cuba.
Recebeu em 1997 o prêmio Jabuti pelo melhor livro em ciências humanas: A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. Em 1999 recebeu o Prêmio Chico Mendes por sua resistência. Foi condecorado Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico em 1995. Hoje, o geógrafo tantas vezes laureado empresta seu nome ao Prêmio Milton Santos de Saúde e Ambiente, criado pela Fundação Oswaldo Cruz. Milton Santos nunca participou de movimentos negros - acreditava que deveriam conquistar reconhecimento em atitudes como, por exemplo, ingressar na universidade. "Minha vida de todos os dias é a de negro", declarou. "Mantenho com a sociedade uma relação de negro. No Brasil, ela não é das mais confortáveis."

terça-feira, 1 de abril de 2008

Precisamos de um professor de português urgente

Ai, Aproveitando o poder de comunicação do blog eu queria pedir uma forcinha aos colegas que puderem ajudar. O Nucleo de Consciência Negra Na USP está precisando URGENTE de um professor voluntário de português/gramatica e/ou literatura e conta com sua ajuda para localizar o sujeito desta ação comunitária que tenta minorizar as deficiências sociais referentes ao ingresso de nossos irmãos de baixa renda na USP. Não, você nãoprecisa ser negro para dar um help, eu por exemplo não sou e auxilio dentro de minhas possibilidades. O NCN trabalha justamente para ser uma ponte entre as raças e para que aceitemos e apreciemos a diversidade racial. Entaum, se você quiser ser um voluntário do bem estamos á sua espera e se vc não for professor de portuga, pode dar um help também em várias outras áreas, é só uma questão de conversarmos. Espero ansiosamente seu contado ou pode mandar mail para rudibike@gmail.com.