segunda-feira, 7 de abril de 2008

Lima Barreto

Lima Barreto
Afonso Henriques de Lima Barreto é considerado um dos mais importantes escritores brasileiros do começo do século XX. Nasceu em 1881, vindo a falecer em 1922, data em que se realizava a Semana da Arte Moderna.
Seus romances mais famosos: “Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá”, “Recordações do escrivão Isaías Caminha”, “Triste fim de Policarpo Quaresma”. Lima Barreto é um escritor nitidamente brasileiro, e, podemos dizer, mais especificamente, carioca. A ação de seus romances, apesar de não se passar exclusivamente no Rio de Janeiro, são romances de cidade, e os personagens possuem as características do carioca. Foi um brilhante criador de tipos humanos, dentre os quais se destaca “Policarpo Quaresma”, tipo do funcionário público. O livro “Triste fim de Policarpo Quaresma” é, por muitos, considerado sua obra-prima.
Romancista, cronista e jornalista. Fez seus primeiros estudos como interno no Liceu Popular Niteroiense, prestando, após alguns anos, exames para o Ginásio Nacional. Em 1896, matriculou-se no Colégio Paula Freitas, freqüentando o curso preparatório à Escola Politécnica, onde ingressou no ano seguinte. Em 1903, ingressou na Diretoria de Expediente da Secretaria de Guerra, abandonando o curso de engenharia, passando a sustentar a família, já que seu pai enlouquecera e sua mãe havia falecido.
Em 1914, foi internado pela primeira vez no Hospício Nacional, por alcoolismo, sendo aposentado através de decreto presidencial. Foi preterido nas promoções da Secretaria de Guerra por sua participação, como jurado, no julgamento dos acusados no episódio denominado «Primavera de Sangue» (1910), que condenou os militares envolvidos no assassinato de uma estudante. Em 1919, esteve pela segunda vez internado no hospício.
Fez sua primeira colaboração na imprensa ainda em 1902. Influenciado pela Revolução Russa, a partir de 1918 passou a militar na imprensa socialista, publicando no semanário alternativo ABC um manifesto em defesa do comunismo. Colaborou nos periódicos Correio da Manhã, Gazeta da Tarde, Jornal do Commercio, Fon-Fon, entre outros. Lançou em 1907, com amigos, a revista Floreal, que teve editados apenas quatro números.
Em 1919 o escritor foi internado novamente num sanatório. As experiências deste período foram narradas pelo próprio Lima Barreto no livro "Cemitério dos Vivos". Nesse mesmo ano publicou a sátira "Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá", inspirada no Barão do Rio Branco, e ambientada no Rio de Janeiro. Lima Barreto tentou candidatou-se em duas ocasiões à Academia Brasileira de Letras. Não obteve a vaga, mas chegou a receber uma menção honrosa póstuma. Em 1922 o estado de saúde de Lima Barreto deteriorou-se rapidamente, culminando com um ataque cardíaco. O escritor morreu aos 41 anos, deixando uma obra de dezessete volumes, entre contos, crônicas e ensaios, além de crítica literária, memórias e uma vasta correspondência. Grande parte de seus escritos foi publicada postumamente.
“"Lembrava-me da vida de minha mãe, da sua miséria, da sua pobreza, naquela casa tosca; e parecia-me também condenado a acabar assim e todos nós condenados a nunca a ultrapassar. (...) Lembrava-me de que deixara toda a minha vida ao acaso e que a não pusera ao estudo e ao trabalho de que era capaz. Sentia-me repelente, repelente de fraqueza, de falta de decisão e mais amolecido agora com o álcool e com os prazeres... Sentia-me parasita, adulando o diretor para obter dinheiro... Às minhas aspirações, àquele forte sonhar da minha mocidade e eu não tinha dado as satisfações devidas. A má vontade geral, a excomunhão dos outros tinham-me amedrontado, atemorizado, feito adormecer o Orgulho, com seu cortejo de grandeza e de força. Rebaixara-me, tendo medo de fantasmas e não obedecera ao seu império. (...)Sentia-me sempre desgostoso por não ter tirado de mim nada de grande, de forte e ter consentido em ser um vulgar assecla e apaniguado de um outro qualquer. Tinha outros desgostos, mas esse era o principal. Por que o tinha sido? Um pouco pelos outros e um pouco por mim." (Recordações do escrivão Isaías caminha”)

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